A caminho da final (2007/08)

Steve Harland,
o arbitro da final de 2008.

Agronomia e Belenenses vão com uma ligeira vantagem para a 2ª mão do Campeonato Super Bock - Fase Final. 

Uma afirmação controversa, sim, mas se formos olhar melhor para os resultados, os 4 pontos de vantagem que Agronomia leva a Monsanto podem ser os suficiente para assegurar a eliminatória. Basta levar um estratégia bem definida e consistente como um bom jogo táctico com muito uso do jogo do pé colocando a bola nos 22 adversários, no fundo um bocado à semelhança da estratégia do CDUL no Restelo e que resultou bem.

Se a vantagem da Agronomia é visível, a do Belenenses nem tanto. O empate transmite uma ideia de que a eliminatória se encontra ao mesmo nível, mas o facto é que o Belenenses marcou 2 ensaios. E depois do jogo que se viu no Restelo, onde ambas as equipas jogaram um jogo diferente de parte a parte, mas muito equilibrado, se CDUL e Belenenses voltarem a empatar no Est. Universitário os dois ensaios de Mirra e Hafu serão uma vantagem.

A ser assim, Agronomia e Belenenses voltariam a re-editar uma das finais mais emblemáticas e disputadas dos últimos anos (um pouco à semelhança das finais de 2007 e 2009). 

Os pontapés de Joe
não foram suficientes.

Foi depois do Mundial e com muitos jogadores em grande forma que Agronomia e Belenenses se defrontaram no Estádio Nacional, em mais um dia de rugby onde o tempo estava bastante apelativo. 

Do lado de Agronomia, Luís Pissarra, voltava aos relvados depois de ter ficado afastado durante algum tempo, no período pós-mundial, mas Duarte Cardoso Pinto era a grande ausência. O "Maestro da Tapada" estava em França a jogar ao lado de Penalva e Spachuck. No entanto a grande novidade do XV Agrónomo era Joe Gardener, que depois de um ano ao serviço do Técnico, foi para a Tapada onde se tornou no que é hoje. 

Do lado azul o conjunto estava bastante forte. Facundo Borelli, Emanuel Chirino e Willie Hafu eram as grandes novidades num XV na sua maioria composto por jogadores portugueses e onde despontavam jogadores como Diogo Miranda. Mas a maior estrela era certamente o mágico talonador, asa e ... abertura (verdade, Hafu nos primeiros jogos jogou a abertura) Willie Hafu. A sua mobilidade, força e uma técnica acima da média foram preponderantes para as meias finais e final.

E Joe Gardener e Willie Hafu foram mesmos as principais figuras da final do campeonato Nacional da Divisão de Honra 2007/08. 

Joe Gardener e a Agronomia eram os grandes favoritos à vitória. Campeões em título não deram hipóteses durante a fase de apuramento onde apenas perderam dois jogos: Belenenses em casa (grande jogo) e Benfica, fora, na 14ª jornada. 

Caso para dizer que na Tapada morava uma equipa cheia de ambição e de bons jogadores. Jacques Le Roux, Conrad Stickling, Francisco Mira, Gustavo Duarte, António Duarte, entre outros, eram apenas alguns dos melhores do XV Agrónomo. Em nota de curiosidade: Gustavo Duarte, Rodrigo Aguiar, António Duarte, Lourenço Kadosh, Francisco Mira e Vasco Gaspar foram jogadores habitualmente chamados para trabalhar com a selecções de XV, durante esse ano.

Brice era um treinador muito contente no final do encontro.

Mas o jogo da final foi diferente. A Agronomia adoptou uma estratégia de fazer pontos através da sua estrela, o que poderia ter resultado, não fosse a irreverência azul estragar as contas. 

É que do outro lado estava um Hafu, um Cunha, um Miranda, um Nifo e dois Mateus inspirados. Com uma garra muito característica da equipa azul, em parte devido à força do seu capitão João Uva, o Belenenses partiu contra o gigante Agrónomo, e apesar dos 21 pontos da Agronomia, o Belenenses conseguiu somar no final 22, fruto de ensaios de David Mateus, Sebastião da Cunha e Willie Hafu (dois) e ainda de uma conversão de Diogo Miranda.

Diogo Miranda na jogada do 3º ensaio.

Apoiado por Bruno Nifo.

E Sebastião no ensaio.

Com um apoio constantes ao apertador da bola, quem se lembra ou pode ver nas fotografias, as jogadas do primeiro e do terceiro ensaios foram fruto de apoio constante. No primeiro ensaio, Willie consegue passar a bola nas costas da defesa, mesmo rodeado por 3 jogadores, para Sebastião da Cunha que, mesmo depois do contacto com Joe, conseguiu passar a David que só teve que correr para a área de ensaio. No 3º ensaio, Diogo Mateus, fixa o jogo, Miranda saí junto ao ruck, é placado mas consegue ainda assim passar a bola no chão para o apoio de Bruno Nifo, que depois de ser placado por "Lois" repete o feito de Miranda e dá a Sebastião da Cunha que só teve que aguentar a pressão de Joe e Sacadura e fazer o ensaio, para delírio do público presente. Duas grandes jogadas que retratam o jogo da final. Bola viva, apoio constante e muita emoção até ao final.

Para a história ficaram muitas fotografias, nomeadamente as tiradas por Miguel Rodrigues (http://cdul.blogspot.com/2008/05/final-do-cn-dh-os-ensaios-e-outras.html) e muitas mais imagens como esta de João Uva levado aos ombros e com a Taça na mão.

Um capitão muito respeitado por toda a estrutura do Belenenses.
(Veja AQUI uma placagem de João Uva nessa temporada.)