Candidatos em entrevista

Ontem assistiu-se, em directo na Sport Tv, às entrevistas aos candidatos a presidente da FPR. O actual presidente da FPR, Dídio de Aguiar, e o presidente de Agronomia, Amado da Silva, notabilizaram-se de diferentes maneiras. Um mostrou querer estabilidade e um cuidado com o investimento, o outro quer mudanças e mais respeito para os clubes.

Dídio, que não primou pela presença no programa, falou sobre os principais temas da actualidade do rugby nacional, o CNT, a competitividade, a Liga Ibérica, a selecção de Sevens, entre outros, mostrando-se pouco à vontade em frente à televisão.Mesmo assim conseguiu explicar muitas das carências do rugby nacional. A falta de fundos do IDP e a pouca disponibilidade da FER (Federação Espanhola de Rugby), cobriram duas das maiores lacunas a nível nacional: As precoces condições do CNT e a Super Liga Ibérica.

Ainda na área da competição, o actual presidente da FPR, que conta com o apoio de alguns dos principais clubes nacionais (Belenenses, Direito, CDUL), referiu que o seu modelo preferido para a Competição interna (modelo de 6+6) não foi aprovado em assembleia e como tal não foi iniciado, mas mostrou-se aberto a outras hipóteses de competição. Sobre a Liga Ibérica, o mesmo afirmou ter uma solução: 4 selecções/franquias espanholas e 2 selecções/academias portuguesas (Lisboa e Coimbra).

A terminar, Dídio clarificou que tinha já uma pessoa dentro da FPR para organizar e gerir a competição nacional, adiantando que tinha como objectivo após as eleições organizar "workshops" relativos às competições e regulamentos.

Na segunda parte do programa teve lugar a entrevista ao candidato da lista B, Amado da Silva. Com uma maior presença, o actual presidente de Agronomia, abordou todos os temas, afirmando candidatar-se devido à falta de credibilidade da actual direcção. Elogiando o seu adversário, o candidato asseverou que uma das maiores lacunas do rugby nacional deve-se à falta de apoio da actual Federação aos clubes, nomeadamente aos mais pequenos. O engenheiro agrónomo considera mesmo que o rugby nacional não estava preparado para receber o “boom” que se deu depois do Mundial e culpa a FPR por isso.

Durante a sua entrevista clarificou ainda que uma vez na FPR, o seu clube passaria a ser Portugal, e que o mesmo, trabalharia para que todos os clubes recebessem o apoio necessário da FPR.

Um dos grandes temas da noite foi a competição. Sobre esse assunto, Amado da Silva, é da opinião que se deve criar competições regionais durante o ano, de modo a desenvolver cada clube. O presidente Agrónomo, acredita que os clubes não podem viver de Lisboa, quando os clubes da capital não têm meios de deslocação, como foi o passado torneio de Arcos onde quase nenhum clube de Lisboa marcou presença.

No que respeita os fundos para investimentos, Amado da Silva considera que se terá que fazer provar aos poderes políticos que o rugby tem razoes para ser apoiado. Deve-se investir que o retorno virá.

No final das duas entrevistas ficou claro o lugar de cada candidato. Se Dídio estabelece uma prioridade pela estabilidade, financeira e não só, Amado da Silva prefere a mudança e um maior investimento. Contudo, foi bastante visível que cada candidato tem as mesmas ideias: ambos preferem o modelo de 6+6 para o campeonato nacional, são da opinião que deve haver uma competição Ibérica e querem ver o rugby espalhado pelo país. A única diferença está nos meios para o fazer. E quem pensava que o clima entre os dois era hostil… saiu enganado.